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Confissões

Santo Agostinho

Capítulo

Capitulum
Livro Décimo Primeiro Cap.31

CAPÍTULO XXXI

Conclusão

Senhor, meu Deus, que abismos profundos os de teus segredos, e quão longe deles me levaram as conseqüências de meus pecados! Cura meus olhos, para que eu me alegre com tua luz!

Se houvesse de fato um espírito de ciência e de presciência tão grandes para conhecer o passado e o futuro, como conheço qualquer canto popular, esse espírito nos encheria de extraordinária admiração e espanto. Nada, com efeito, lhe seria oculto no passado e nos séculos vindouros, exatamente como, ao entoar essa melodia, sei tudo o que cantei desde o começo, e tudo o que falta cantar até o fim. Mas longe de mim a idéia de identificar um tal conhecimento àquele que tens de todas as coisas futuras e passadas, ó Criador do Universo, Criador dos espíritos e dos corpos. Tua ciência é incomparavelmente mais admirável e mais misteriosa. Porque aquele que canta ou escuta uma melodia conhecida, dividido entre a expectativa das notas por vir e a lembrança das notas passadas, passa por impressões diferentes. Mas contigo não se dá nada semelhante, tu que és imutável e eterno, Criador verdadeiramente eterno dos espíritos. Como no princípio, conheceste o céu e a terra, sem que teu espírito mudasse seu saber, assim criaste o céu e a terra, sem que tua ação passasse por etapas distintas. Que aquele que compreende isto te louve, assim como o que não compreende. Oh! Como és sublime! E os de coração humildes são tua morada! Levantas os que caíram, e os que graças a ti continuam eretos, não caem nunca.