Exame de Maturidade da Personalidade
examen maturitatis personalitatis
Baseado na obra "O Amadurecimento da Personalidade" do Pe. Miguel Angel Fuentes
Este exame oferece perguntas reflexivas para avaliar nossa maturidade em diferentes dimensões da personalidade cristã. Use-o como ferramenta de autoconhecimento e crescimento espiritual.
1. Exame da Nossa Maturidade Intelectiva
Sugiro examinar-se nesse campo fazendo as seguintes perguntas (ou outras que cada um pode formular por conta própria):
- Como é minha capacidade de observação?
- Como é meu conhecimento das coisas e das pessoas (inclusive de mim mesmo)? Profundo ou superficial?
- Entendo o sentido último das coisas ou me guio pelas aparências?
- Capto o verdadeiro sentido da realidade ou frequentemente percebo equivocadamente as situações?
- Interpreto mal ou bem os fatos e as palavras das pessoas? Meus juízos são geralmente acertados ou resultam errôneos?
- Tiro conclusões corretas das coisas e dos acontecimentos que me toca viver?
- Raciocino bem?
- Posso resumir facilmente as situações que me tocam viver?
- Posso dizer qual é a essência de meus problemas ou o fundamental das coisas que leio, escuto, converso, etc.?
- Distingo bem a parte do todo, o acidental do essencial?
- Exagero as coisas ou as minimizo equivocadamente?
- Faço generalizações indevidas?
- Meus juízos a respeito do próximo são objetivos ou, pelo contrário, estão falseados ou forçados por antipatias, feridas, rancores, afetos exagerados, etc.?
- Tenho preconceitos? Quais? Como influenciam meus pensamentos e juízos?
- Sou sincero comigo mesmo e com meu próximo (em particular com aqueles que têm autoridade sobre mim)?
- Sou transparente, aberto? Ou, pelo contrário, dissimulado, obscuro, impenetrável?
- Confundo autenticidade com ser ofensivo e desrespeitoso, faltando com o respeito e a caridade fraterna sob a desculpa de "falar as coisas na cara"?
- Sou curioso?
- Quantos e quais livros li no último semestre ou no último ano?
2. Exame sobre o Realismo da Nossa Autopercepção
Analisemos o grau de conhecimento e aceitação que temos da nossa própria personalidade:
- Conheço e aceito adequadamente quem sou e qual é minha situação?
- Conheço e aceito bem meus limites e minhas capacidades, sem me diminuir nem me engrandecer indevidamente?
- Entendo adequadamente tanto os êxitos como os fracassos que tive na vida? Ou há fracassos que ainda não consegui digerir?
- Reconheço ter problemas (bloqueios, conflitos, inibições) e, em caso afirmativo, quais são suas causas?
- Em ordem mais moral e espiritual: reconheço meus pecados, minhas faltas e meus defeitos, entendendo as causas que me levaram a eles? Ou, pelo contrário, me desculpo, culpo outros, racionalizo para justificar-me diante de mim mesmo ou dos demais pelos pecados cometidos?
- Aceito meu passado familiar: a família em que nasci, os pais que tenho, a educação e cultura que recebi, o lugar onde nasci, a situação econômica de minha família? Ou, pelo contrário, me envergonho dos meus, de seu nível cultural ou de sua posição social?
- Perdoei de coração (o que equivale a "digeri cristãmente") as feridas que posso ter recebido no passado? Ou, pelo contrário, guardo rancores e ódios contra alguma pessoa?
- Tenho um saudável senso de humor? Sei rir de mim mesmo com serenidade e sem amargura? Ou minhas piadas são desculpas para zombar com sarcasmo do próximo, para vingar-me das feridas recebidas? Zombo com ironia, com rancor ou, pelo contrário, com moderação e saudável alegria?
- Como reajo diante dos meus fracassos? Com serenidade? Com desespero, angústia ou desânimo?
- Alegro-me nas cruzes reais: zombarias, desprezos, fracassos, erros, dores físicas, psíquicas e espirituais? Entendo, aceito e amo a cruz em toda a sua amplitude (não apenas como dor física, mas também como abandono dos outros, desprezo, injúria, escárnio)?
- Tenho uma confiança equilibrada em mim mesmo? Ou é mais presunção, acreditando ser mais do que realmente posso ou atribuindo a mim mesmo o que Deus realiza em mim? Ou, pelo contrário, tenho uma desconfiança doentia que me torna vacilante, duvidando até mesmo da graça, do auxílio e da misericórdia de Deus?
3. Exame da Maturidade nas Relações com o Próximo
Podemos examinar o nível da nossa maturidade nessa importante dimensão humana com as seguintes perguntas:
- Tenho confiança nas pessoas ao meu redor?
- Costumo ficar abatido quando não me sinto adequadamente valorizado?
- Integro-me nos grupos aos quais pertenço de forma natural (colégio, universidade, paróquia, comunidade religiosa etc.) ou tendo a me isolar?
- Posso conviver equilibradamente com o próximo ou, periodicamente, me desentendo, caio em discórdias e discussões?
- Facilito ou dificulto a vida e a convivência com os outros?
- Colaboro espontaneamente com os demais?
- Sou capaz de assumir responsabilidades e levá-las a cabo sem que precisem insistir comigo ou corrigir-me por fazer as coisas pela metade, mal ou de modo inconstante?
- Tenho uma independência saudável ou sou uma pessoa mal-dependente (dependências afetivas) de alguém em particular?
- Tenho capacidade de iniciativa, de propor ideias e planos, de oferecer-me ao trabalho?
- Sou organizado em meu trabalho e capaz de colaborar com outros?
- Sou transparente com os demais, sem segundas intenções nas minhas relações?
- Busco a verdade sobre mim mesmo? Estou aberto a ela quando vem de outros, mesmo quando me dizem a verdade de modo pouco caridoso (por exemplo, com correções inoportunas)?
- Tenho confiança com aqueles com quem me relaciono, ouvindo-os com franqueza e docilidade?
- Sei escutar? Sou respeitoso? Tenho preconceitos? Sou teimoso?
- Sinto-me abandonado?
- Tenho comportamentos infantis como dependência, birras, insegurança, ciúmes etc.?
- Procuro pessoas para "superproteger", como se fosse pai ou guia delas, sem ter a missão de guiá-las (como corresponderia, por exemplo, a um superior ou a um diretor espiritual), mas sim por desejo de derramar meu afeto sobre alguém em particular?
- Sinto-me inferior aos outros? ("Inferior" não é igual a "humilde": o inferior sente-se inferior com ressentimento; o humilde sente-se inferior e é grato pelo modesto lugar que ocupa). Reajo a isso, ainda que apenas de vez em quando, com explosões de superioridade, impondo meus critérios e decisões, por exemplo?
- Sou rancoroso? Busco vingar-me de quem me humilha ou fere?
- Sou invejoso?
- Reclamo?
- Tenho complexo de autopiedade (queixa constante de que ninguém me quer, não me valorizam, ou de que sempre me toca o pior etc.)?
- Responsabilizo os outros por meus problemas?
4. Exame da Nossa Maturidade Afetiva
Proponho algumas perguntas que podem nos guiar para julgar nosso grau de maturidade afetiva:
- Reconheço e aceito minha masculinidade ou feminilidade como dom de Deus?
- Ou me sinto como se estivesse encarnado em um corpo estranho?
- Entendo que Deus me deu minha masculinidade ou feminilidade para minha santificação?
- Entendo a castidade como um modo de liberdade para amar ou como uma repressão do amor?
- Compreendo o valor positivo da virgindade e da pureza?
- Se sou consagrado ou sacerdote: escolhi meu celibato (virgindade) por si mesmo ou apenas o tolero como condição para ser sacerdote/consagrado?
- Tenho uma curiosidade doentia pela genitalidade própria ou alheia?
- Vivo minha afetividade em consonância e harmonia com minha masculinidade ou feminilidade?
- Sinto respeito ou rejeição pelo sexo oposto?
- Sou capaz de relacionar-me serenamente com pessoas do outro sexo sem que isso me perturbe com tentações ou com falsos enamoramentos?
- Tenho um olhar puro para as pessoas do outro sexo, vendo-as como irmãos ou irmãs?
- Se sou consagrado: entendo a castidade como uma livre renúncia a algo muito bom (o matrimônio) por algo melhor (pelo menos "para mim")?
- Entendo a lei de Deus sobre a sexualidade e a aceito com alegria?
- Adquiri a virtude da temperança, da castidade e do domínio de mim mesmo?
- Sou apenas continente (consigo dominar-me mas não vivo com alegria minha castidade) ou também casto (além de dominar-me, entendo e amo a castidade)?
- Tenho capacidade de doar-me totalmente na amizade, no matrimônio (se sou casado) ou na vocação consagrada?
- Sou capaz de sair de mim mesmo e doar-me sem reservas, com capacidade de sacrificar-me, sofrer e amar sem buscar retorno dos outros? Ou, pelo contrário, dou-me na medida em que recebo reconhecimento, carinho, gratidão, amizade etc.?
- Entendo a dor alheia e sou movido a verdadeira misericórdia (empatia)?
- Respeito a justa autonomia dos outros ou pretendo tê-los sempre controlados e submetidos à minha autoridade?
- Sou capaz de ter amizades sadias, sem cair no exclusivismo ou apegos perigosos ("amizades particulares")?
5. Exame da Nossa Maturidade Volitiva
- Faço o bem por iniciativa própria?
- Ao cumprir meus deveres, exijo com censura ou amargura que os outros façam sua parte? Como ajo quando os outros não fazem o que lhes corresponde, deixando-me sozinho com as responsabilidades? Nesses casos, retraio-me do que devo fazer? Ou faço, mas jogando na cara dos outros que não fazem a parte deles?
- Sou responsável por meus deveres diante da minha própria consciência, dos meus superiores, da sociedade e de Deus?
- Sou fiel a meus compromissos nas coisas insignificantes do mesmo modo que nas importantes?
- Movem-me motivos sérios e sobrenaturais em minhas escolhas e decisões? Ou, pelo contrário, movem-me motivações puramente humanas e superficiais?
- Sou uma pessoa instável, volúvel, irresponsável, fraca, ineficaz?
- Sou capaz de terminar as obras que começo?
- Sou estável ou emocionalmente instável?
- Tenho domínio dos meus instintos e paixões, em particular da ira ou cólera, da tristeza e do desejo de prazer (gula e sexualidade)?
- Deixo-me levar ou bloquear pelo respeito humano, pelo "o que vão dizer"?
- Sou independente das ideias dominantes no ambiente em que vivo ou, pelo contrário, misturo-me com elas (espírito mundano)?
- Tenho tendência à sensualidade, à comodidade, à moleza ou trabalhei meu caráter para que seja resistente, austero, mortificado?
6. Exame na Esfera Moral
- Conheço bem a lei de Deus e a lei natural?
- Tenho interesse em me formar melhor a esse respeito?
- Em particular, tenho interesse em conhecer a fundo o que Jesus ensinou no Sermão da Montanha como guia moral da vida cristã?
- Como é minha consciência? Escrupulosa? Reta? Delicada? Laxa? Cauterizada? Farisaica?
- Minha vida moral é coerente com meus princípios morais? Ou vivo de modo diferente do que penso e prego?
- Sou sensual (busco o que me dá prazer e fujo do que me incomoda ou causa dor) ou utilitarista (busco o que me é útil e fujo do que não serve para meus fins terrenos)?
7. Exame sobre Nosso Sentido Religioso
- Qual é meu conceito de Deus?
- Sou consciente de sua paternidade e cuidado constante?
- Sinto-me e ajo como filho de Deus?
- Desconfio da ajuda divina?
- Como é minha espiritualidade: perseguidora de emoções e sentimentos, intelectualista ou equilibrada (isto é, que dá lugar aos afetos, mas sólida nos princípios de fé)?
- Guio-me por critérios de fé?
- Tenho discernimento sobrenatural suficiente?
- Como é minha oração? Rezo constantemente?
- Entendo o sentido da cruz?
- Preocupo-me em formar-me na religião? Li os livros fundamentais de nossa doutrina (começando pela Bíblia e pelo Catecismo da Igreja Católica)?
Como usar este exame: Reserve um tempo tranquilo para refletir sobre cada pergunta. Seja honesto consigo mesmo e considere usar essas reflexões em sua oração pessoal ou direção espiritual. O objetivo não é se julgar, mas crescer na virtude e na santidade.
Baseado em "Virtus XVIII - O Amadurecimento da Personalidade" do Pe. Miguel Angel Fuentes