Em seguida devemos tratar da ciência. inata ou infusa da alma de Cristo. E nesta questão discutem-se seis artigos:
O primeiro discute-se assim. — Parece que pela ciência infusa Cristo não sabia tudo. 1 — Pois, essa ciência foi infusa em Cristo para a perfeição do seu intelecto possível. Ora, o intelecto passível da alma humana não é potencial relativamente a todas as coisas, absolutamente falando, mas só àquelas em relação às quais pode ser atualizada pelo intelecto agente, que é propriamente o seu princípio de ação; e essas coisas são cognoscíveis pela razão natural. Logo, por essa ciência Cristo não conhecia o que excede a razão natural.
2. Demais. — Os fantasmas estão para o intelecto humano como as cores para a visão, como diz Aristóteles. Ora, não constitui uma perfeição da potência visiva conhecer o que é absolutamente desprovido de cor. Logo, nem a perfeição do intelecto humano, conhecer aquilo que não pode ter fantasma, como são as substâncias separadas. Assim, pois, como a referida ciência existia em Cristo, para a perfeição da sua alma intelectiva, parece que, como essa ciência, não conhecia as substâncias separadas.
3. Demais. — Não é da perfeição do intelecto conhecer o particular. Logo, parece que por essa ciência a alma de Cristo não conhecia o particular. Mas, em contrário, a Escritura: Enchê-lo-ei do Espírito da sabedoria e de entendimento, de ciência e de conselho, no que está compreendido todo o cognoscível. Pois, o objeto da sabedoria é o conhecimento de todas as coisas divinas; o do intelecto, o de todas os seres imateriais; o da ciência, o de todas as conclusões; e enfim, o do conselho, o de tudo o que podemos fazer. Logo, parece que Cristo, pela ciência nele infusa pelo Espírito Santo, teve conhecimento de todas as coisas.
SOLUÇÃO. — Como dissemos, para a alma de Cristo ser perfeita em tudo, havia de ser reduzida ao ato toda a sua potencialidade. Ora, devemos notar que na alma humana, como em qualquer criatura, distinguimos uma dupla potência passiva. Uma, por comparação com o agente natural; outra, por comparação com o agente primeiro, capaz de reduzir qualquer criatura a um ato mais elevado, ao que não é reduzida por um agente natural. E a isto se costuma chamar o poder de obediência na criatura. Ora, uma e outra potência da alma de Cristo foi reduzida ao ato por essa ciência divinamente infusa, E assim, por ela, a alma de Cristo, primeiro; conhecia tudo o que o homem pode conhecer por virtude do lume do intelecto agente, como é tudo o que pertence às ciências humanas. Segundo, por essa ciência conhecia Cristo tudo o que o homem conhece pela revelação divina, quer isso pertença ao dom da sabedoria, quer ao da profecia, quer a qualquer dom do Espírito Santo; pois, tudo isso a alma de Cristo conhecia mais abundante plenamente que os outros homens. Mas não conhecia por essa ciência a essência mesma de Deus, mas só pela primeira, de que tratamos antes.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A objeção colhe quanto à potência natural da alma intelectiva, em dependência do seu agente natural, que é o intelecto ativo.
RESPOSTA À SEGUNDA. — A alma humana, no estado desta vida, por estar de certo modo presa ao corpo de maneira a não poder inteligir sem fantasma, não pode inteligir as substâncias separadas. Mas, após o estado desta vida, a alma separada poderá de certo modo conhecer por si mesma as substâncias separadas, como dissemos na Primeira Parte. O que sobretudo é manifesto quanto à alma dos bem- aventurados. Ora, Cristo, antes da paixão, ao mesmo tempo que vivia nesta vida contemplava a essência divina. Por isso, a sua alma podia conhecer as substâncias separadas, pelo modo pelo qual a alma separada conhece.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O conhecimento do particular não constitui uma perfeição da alma intelectiva, por um conhecimento especulativo; constitui-lhe porém uma perfeição, pelo conhecimento prático, que não se realiza perfeitamente sem o conhecimento do particular, que é o objeto da ação, como diz Aristóteles. Por isso a prudência supõe a memória dos fatos passados, o conhecimento dos presentes e a previdência dos futuros, como diz Túlio. Ora, Cristo tendo tido a plenitude da prudência, pelo dom do conselho, era consequente que conhecesse todos os particulares passados, presentes e futuros.
O segundo discute-se assim. — Parece que a alma de Cristo não podia conhecer pela ciência infusa, senão servindo-se dos fantasmas. 1 - Pois, os fantasmas estão para a alma intelectiva como as cores, para a vista, consoante o diz Aristóteles. Ora, a potência visiva de Cristo não pedia atualizar-se senão em dependência das cores. Logo, também a sua alma intelectiva nada podia inteligir sem recorrer aos fantasmas.
2. Demais. — A alma de Cristo tem a mesma natureza que a nossa; do contrário não seria da mesma espécie que nós, em oposição ao dito do Apóstolo: Fez-se semelhante aos homens. Ora, a nossa alma não pode inteligir sem se servir dos fantasmas. Logo, nem a alma de Cristo.
3. Demais. — Os sentidos foram dados ao honem para servirem ao intelecto. Se, pois, a alma de Cristo podia inteligir sem se servir dos fantasmas, recebidos pelos sentidos, então os sentidos lhe teriam sido inúteis, o que é inadmissível. Logo, parece que a alma de Cristo não podia inteligir senão servindo-se dos fantasmas.
SOLUÇÃO. — Cristo, no estado anterior à paixão, tinha a sua alma unida ao corpo e simultaneamente contemplava a essência divina, como a seguir melhor se dirá. E sobretudo, o seu corpo, pela sua passibilidade, estava sujeito à condição do corpo mortal; ao passo que sobretudo pela sua alma intelectiva é que estava sujeito as condições da visão. Ora, é condição da alma, que frui da visão beatífica, não estar sujeita de modo nenhum ao corpo, nem dele depender, mas ao contrário, dominá-lo totalmente; por isso, depois da ressurreição, a glória da alma redundará para o corpo. Ora, a alma do homem, enquanto unida ao corpo, precisa recorrer aos fantasmas, por estar ligada a ele, e, de certo modo, ao corpo sujeita e dele dependente. Por isso, as almas bem-aventuradas, antes e depois da ressurreição, podem inteligir sem recorrer aos fantasmas. O que devemos dizer da alma de Cristo, que teve na sua plenitude a faculdade da visão.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A semelhança referida, de que fala o Filósofo, não é uma semelhança total. Pois, como é manifesto, o fim da potência visiva é conhecer as cores; mas, o fim da potência intelectiva não é conhecer os fantasmas, mas as espécies inteligíveis que apreende dos fantasmas e nos fantasmas, no estado da vida presente. Há, pois, semelhança quanto ao referente a uma e a outra potência, mas não quanto ao termo da condição de uma e de outra. Pois, nada impede, segundo os estados diversos, por meios diversos tender um ente para o seu fim. Ora, o fim próprio de um ser é só um. Por onde, embora a vista nada conheça sem a cor, contudo o intelecto, conforme o seu estado, pode conhecer sem fantasma, mas não, sem espécie inteligível.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Embora a obra de Cristo fosse da mesma natureza que a nossa, tinha contudo um estado que a nossa alma atual e realmente não tem, senão só em esperança, a saber, o estado da visão beatífica.
RESPOSTA À TERCEIRA. Embora a alma de Cristo pudesse inteligir sem recorrer aos fantasmas, podia contudo inteligir também recorrendo a eles. Por isso não tinha em vão os seus sentidos, sobretudo porque os sentidos não são dados ao homem só para os efeitos da ciência intelectiva, mas também para as necessidades da vida animal.
O terceiro discute-se assim. Parece que a alma de Cristo não tinha a ciência infusa por via de comparação. 1 - Pois, diz Damasceno: Não atribuímos a Cristo nem conselho sem eleição. Ora, aquele e esta não se lhe negam senão porque implicam a comparação e o discurso. Logo, parece que em Cristo não havia ciência comparativa nem discursiva.
2. Demais. — O homem necessita da comparação e do discurso racional para inquirir o que ignora. Ora, a alma de Cristo sabia tudo, como se disse. Logo, nele não havia ciência comparativa nem discursiva.
3. Demais. — A ciência da alma de Cristo era igual a dos que gozam da visão beatífica, como os anjos, segundo diz o Evangelho. Ora, os anjos não têm ciência discursiva ou comparativa, como está claro em Dionísio. Logo, nem também a alma de Cristo tinha ciência discursiva ou comparativa. Mas, em contrário, Cristo tinha uma alma racional, como se estabeleceu. Ora, é próprio da alma racional comparar e discorrer de um conhecimento para outro. Logo, em Cristo havia ciência discursiva ou comparativa.
SOLUÇÃO. — Uma ciência pode ser discursiva ou comparativa de dois modos. - Primeiro, quanto à sua aquisição, como se dá conosco que chegamos a um conhecimento por meio de outro - assim, dos efeitos, pelas causas e inversamente. Ora, deste modo, a ciência da alma de Cristo não era discursiva ou comparativa, pois, essa ciência inata, de que agora tratamos, foi-lhe infundida por Deus, e não adquirida pela investigação racional. — Noutro sentido, uma ciência pode ser chamada discursiva ou comparativa, quanto ao seu uso. Assim, às vezes, do conhecimento das causas concluímos os efeitos; e não adquirimos assim um novo conhecimento, mas usamos de uma ciência que já possuíamos. E, deste modo, a ciência da alma de Cristo podia ser comparativa e discursiva, pois, podia de uma conclusão deduzir outra, como lhe aprouvesse. Assim, como se lê no Evangelho, quando o Senhor perguntou a Pedro, de quem os reis da terra recebiam tributo se dos seus ou dos estranhos; e como Pedro respondesse, que dos estranhos, o Senhor concluiu — Logo são isentos os filhos.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — De Cristo se exclui o conselho acompanhado de dúvida; e por consequência, a eleição, que por essência inclui um tal conselho. Mas, Cristo não estava privado do uso do conselho.
RESPOSTA À SEGUNDA. — A referida objeção procede, quanto ao discurso e à comparação, enquanto ordenados à aquisição da ciência.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Os bem-aventurados são iguais aos anjos quanto aos dons das graças; mas permanece entre eles a diferença de natureza. Por onde, usar da comparação e do discurso é conatural às almas dos bem-aventurados; mas não, à dos anjos.
O quarto discute-se assim. — Parece que a ciência infusa era menor em Cristo que nos anjos.
1. — Pois, a perfeição se proporciona ao perfectível. Ora, a alma humana, na ordem da natureza, é inferior à natureza angélica. Ora, como a ciência de que agora tratamos, foi infusa na alma de Cristo, para a perfeição deste, parece que tal ciência era inferior à ciência que é uma perfeição da natureza angélica.
2. Demais. — A ciência da alma de Cristo era, de certo modo, comparativa e discursiva; o que não se pode dizer da ciência angélica. Logo, a ciência da alma de Cristo foi inferior à ciência dos anjos.
3. Demais. — Quanto mais imaterial é uma ciência, tanto mais superior é. Ora, a ciência dos anjos é mais imaterial que a da alma de Cristo; porque a alma de Cristo é um ato do corpo e se serve dos fantasmas, o que não se pode dizer dos anjos. Logo, a ciência dos anjos é superior à da alma de Cristo. Mas, em contrário, o Apóstolo: Mas aquele que por um pouco foi feito menor que os anjos, nós o vemos pela paixão da morte coroado de glória e de honra. Donde resulta que, só pela paixão da morte, foi Cristo considerado como menor que os anjos. Logo, não pela sua ciência.
SOLUÇÃO. — A ciência infusa na alma de Cristo pode ser considerada de dois modos: pelo que teve da causa influente, de um lado, e do sujeito que a recebeu, de outro. — Ora, quanto ao primeiro, a ciência infusa da alma de Cristo foi muito mais excelente que a dos anjos, tanto quanto ao número das coisas conhecidas, quanto à certeza da ciência. Porque o lume espiritual infuso na alma de Cristo é muito mais excelente que o lume pertencente à natureza angélica. — Quanto ao segundo, a ciência infusa na alma de Cristo é inferior a ciência angélica, isto é, pelo modo de conhecer, que é natural à alma humana e o qual se serve dos fantasmas pela comparação e pelo discurso. Donde se deduz clara a RESPOSTA ÀS OBJEÇÕES.
O quinto discute-se assim. — Parece que a alma de Cristo não tinha a ciência habitual.
1. — Pois, como se disse, a alma de Cristo era ornada da máxima perfeição. Ora, maior é a perfeição da ciência atual que a da habitual. Logo, parece que era - conveniente que soubesse tudo em ato. Portanto, não tinha a ciência habitual.
2. Demais. — Ordenando-se o hábito para o ato, seria vã toda ciência habitual que nunca se atualizasse. Ora, como Cristo sabia tudo, conforme se disse, não poderia considerar tudo atualmente, tendo um conhecimento depois de outro, porque não é possível transpor o infinito enumerando-lhe as partes. Portanto, teria Cristo em vão a ciência habitual - o que é inadmissível. Logo, tinha a ciência atual de tudo quanto sabia e não a habitual.
3. Demais. — A ciência habitual é uma certa perfeição da ciência. Ora, a perfeição é mais nobre que o perfectível. Se, pois, a alma de Cristo tivesse algum habitual criado, de ciência, seguir-se-ia que algo de criado seria mais nobre que a alma de Cristo. Logo, na alma de Cristo não havia nenhuma ciência habitual. Mas, em contrário. — A ciência de Cristo, de que agora falamos, era unívoca com a nossa; assim como a sua alma era da mesma espécie que a nossa. Ora, a nossa ciência é genericamente habitual. Logo, também a de Cristo o era.
SOLUÇÃO. — Como dissemos, o modo da ciência infusa da alma de Cristo era o conveniente do sujeito que a recebeu. Pois, o recebido está no recipiente ao modo deste. Mas o modo conatural à alma humana é inteligir, ora, em ato e, ora, em potência. Ora. a mediedade entre a potência pura e ao ato completo é o hábito. Mas, o meio termo e os extremos são do mesmo gênero. Por onde, é claro que o modo conatural à alma humana é receber a ciência habitualmente. Donde devemos concluir, que a ciência infusa na alma de Cristo era a habitual, pois, dela podia usar quando queria.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Na alma de Cristo havia um duplo conhecimento e, ambos, cada um a seu modo, perfeitíssimos. — Um, excedente ao modo da natureza humana, pelo qual contempla a essência de Deus e as mais coisas, nela. E esta, que era perfeitíssima absolutamente falando, não era habitual, mas atual em relação a tudo o que ele desse modo conhecia. — Outro conhecimento de Cristo era do modo proporcionado à natureza humana, enquanto conhecia as coisas por meio de espécies nele infusas por Deus, conhecimento esse de que agora falamos. E esse conhecimento não era perfeitíssimo, absolutamente falando, mas só no gênero do conhecimento humano. Por onde não tinha de ser necessariamente e sempre atual.
RESPOSTA À SEGUNDA. — O hábito se atualiza pelo império da vontade; pois, é por meio do hábito que agimos quando queremos. Ora, a vontade é indeterminada em relação a objetos infinitos. Mas nem por isso é vã, por não tender atualmente a todos eles; contanto que tenda atualmente ao que lhe convém, local e temporalmente. Logo, também o hábito não é inútil, embora nem tudo o que ele inclui se atualize; contanto que se atualize o que convém ao fim devido da vontade, segundo as exigências das situações e do tempo.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O bem e o ser se tomam em dupla acepção. — Numa, absoluta. E assim a substância, subsistente no seu ser e na sua bondade, é chamada uma substância. — Noutra, o ser e o bem o são relativamente. E, nesse sentido, é considerado ser e bem o acidente; não que por si mesmo tenha o ser a bondade mas porque o seu sujeito é ser e bom. E assim, pois, a ciência habitual não é absolutamente falando, melhor ou mais digna que a alma de Cristo; mas o é, relativamente considerada, porque toda a bondade habitual da ciência redunda em vantagem do sujeito.
O sexto discute-se assim. — Parece que a alma de Cristo tinha só um hábito de ciência.
1. — Pois, quanto mais a ciência é perfeita tanto mais una é; por isso os anjos superiores conhecem mediante formas mais universais, como se disse na Primeira Parte. Ora, a ciência de Cristo era perfeitíssima. Logo, una por excelência. Portanto não se distinguia por muitos hábitos.
2. Demais. — A nossa fé deriva da ciência de Cristo, como diz o Apóstolo: Pondo os olhos no autor e consumador da fé; Jesus. Ora, há um só hábito da fé para todas as coisas que ela faz crer, como se disse na Segunda Parte. Logo, com maior razão, Cristo só tinha um hábito da ciência.
3. Demais. — As ciências se distinguem pela diversidade formal dos seus objetos, Ora, a alma de Cristo sabia tudo por uma só razão formal - o lume infuso por Deus. Logo, em Cristo só havia um hábito de ciência. Mas, em contrário, a Escritura diz que, sobre uma pedra única, isto é, Cristo, estão sete olhos. E por olhos se entende a ciência. Logo em Cristo havia muitos hábitos de ciência.
SOLUÇÃO. — Como se disse, a ciência infusa na alma de Cristo assumia um modo conatural à alma humana. Ora, é conatural à alma humana receber as espécies em menor universalidade que o anjo, de modo que conheça diversas naturezas especificas mediante diversas espécies inteligíveis. Donde vem que há em nós diversos hábitos de ciência, por haver diversos gêneros de cognoscíveis; isto é, enquanto que tudo o que está compreendido num mesmo gênero é conhecido pelo mesmo hábito de ciência; assim, como diz Aristóteles, a ciência é una quando pertence ao mesmo gênero do sujeito. Logo, a ciência infusa da alma de Cristo distinguia-se conforme a diversidade dos hábitos
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Como se disse, a ciência da alma de Cristo é perfeitíssima e excede à ciência dos anjos, si considerarmos nele o que procede da influência de Deus; mas é inferior à ciência angélica quanto ao modo do sujeito recipiente. E é fundada nesse modo que a sua ciência se distingue por muitos hábitos, como existindo por espécies mais particulares.
RESPOSTA À SEGUNDA. — A nossa fé se baseia na Verdade primeira. Por onde, Cristo é o autor da nossa fé, pela sua ciência divina, una, absolutamente falando.
RESPOSTA À TERCEIRA. — O lume infuso da divindade é a razão comum de inteligir o que é revelado por Deus; assim como o lume do intelecto, o de inteligir o que naturalmente conhecemos. Por onde, é necessário atribuir à alma de Cristo espécies próprias das coisas particulares, para que conhecesse cada uma delas por um conhecimento próprio. E, assim sendo, era necessário tivesse a alma de Cristo diversos hábitos de ciência, como se disse.